Uma paródia de ferias

Lá vão as manas passear. Organizam-se as coisas, os roteiros e os carros. O que levar, e quem vai com quem e em que carro. Saíram três. Meu sobrinho no seu Seat, minha irmã no seu Opel e eu no meu Kia. Primeiro sinal de que aquelas ferias iam ser uma paródia...o Opel, o carro mais novo, com apenas oito meses avaria. Como temos tudo pago em Espanha não se pode desistir. Deixa-se o carro avariado até segunda e reorganizam-se os carros. 12 pessoas para dois carros. Claro, matemática fácil :-) vão dois a mais. Mas...á bom português lá se divide as crianças para dois carros e ninguém vai apertado, embora já a desrespeitar a lei :-)  Oito da manhã, IC8 meu carro avaria. Hem??? Quê??? OH não....

Pois, 12 pessoas, um carro...lá ligo para seguradora e combino com eles levaram-nos a Elvas, sendo que eram menos km do que regressar a casa. Lá fomos de táxi, carrinha de 9 lugares ( menos mal :-) ) para Elvas. Meu carro segue para parque na Sertã. E acreditem lá ficou até ontem...

Bem, solicito ao motorista do táxi que nos leve a Badajoz, pois tínhamos tudo pago e assumimos o valor extra. E não é que o homem tinha compromissos e resolve nos deixar no lado errado de Badajoz??? Resultado, lá vai meu sobrinho fazer varias viagens, tentar encontrar a dito parque aquático. Três viagens...sim três viagens. Muito calor, crianças a resmungar. Os adultos a começar a perder a calma...

Lá passamos o dia no parque, foi fantástico não nego, mas quando saímos tivemos o seguinte : 12 camarões vermelhos, tostados do sol e da piscina, cansados e sem noção onde é o hotel. Todos olham para mim, porque eu sou sempre a organizadora e jamais, acreditem, falho com o que quer que seja. Fui em Abril com minha princesa para Valência Espanha e nada me escapou, e acreditem andei sempre de metro pela grande cidade e não me perdi. Sabia onde estava inclusive polícia e hospital. Mas para estas simples férias, não sabia onde estava o hotel e minha cabeça parecia água. Começa a discussão. Quem vai agora no carro á procura do hotel? Falha o GPS do smartphone. Meu sobrinho desespera. Mas lá vamos, 7 no carro, restantes 5 seguem, sim acreditem, a pé.

Por sorte o hotel era no centro da cidade não muito longe. Mas as ruas no centro de Badajoz são incrivelmente estreitas e não desfazendo, parecem as ruas de Espinho. Só sentidos proibidos. Resolvo andar a pé á procura do hotel. Encontro o mesmo e vou chamar meu sobrinho, que entretanto foi obrigado a dar a volta, porque tinha carros a trás e resultado, perdeu-se. Eram nove da noite, recordo, cansados e fartos já das ferias....nunca minha casa me pareceu tão atraente :-)

Lá chegam eles, depois de minutos de tortura que parecem horas. Ficam seis, segue meu sobrinho para buscar os desgraçados que vieram a pé. Por sorte ele fixou as ruas e vinte minutos depois chegam ao hotel. Não houve vontade para sair e visitar Badajoz, não houve vontade para convívio. Dormir era a melhor opção.
Eu já só quería ir embora, pois tínhamos dois carros avariados para tratar e regressar ao Porto só com um carro era impossível. Solução viavél : Comboio...pois pensava eu :-)

Depois de uma noite agoniante com o corpo vermelho e a doer, saiamos do hotel e fomos á estação. Em pleno século XXI o único comboio de Badajoz para Portugal era as 18:50, chegava ao Entroncamento as 22:45...hem????      Discussão na estação.

Nota mental : Fazer ferias somente com minha filha no próximo ano  J J J

Lá vamos feito sardinhas em lata no Seat e outros num táxi para Elvas. Despesas extras a aumentar a olhos vistos. Chegamos a Elvas e o comboio que ia para Lisboa era o dito que vinha de Badajoz ás 18:50...mas isto é possível? É..é.

Eram já 12:35 e fomos aconselhados a ir de camioneta que partia as 13H. Á que andar a correr e transportar quem vai de camioneta para a central. E pronto pensamos que ficamos por aqui. Pois…pois...pois.

Camioneta fez paragem em Lisboa, Fátima e como se não bastasse, chegamos as 21H ao Porto e o companheiro da minha irmã mais velha ainda encontra mais uma para fechar estas ferias em grande e eu já sonhava somente em chegar a casa, tomar banho, deitar dois kilos de creme na pele e dormir.

Mas no dia seguinte outra boa noticia. O carro da minha irmã tinha apenas o tampão (???) do radiador mal fechado que causou o problema no carro e por causa disso começa nossas ferias atribuladas. Um simples tampão.

O meu carro ficou na Sertã, que por atrasos sucessivos da seguradora só saiu ontem. Duas semanas depois.

Aprendi algumas coisas com esta experiência e hoje rio dela pois parece enredo de filme de Hollywood. Vai ser tema de conversa por gerações futuras...anos e anos. J

Nem nos filmes do Chevy Chase J

Amanhecer

Escrevi e apaguei este post várias vezes. Queria falar de sentimentos e emoções, que na verdade eram negativos. Depois ia falar sobre a humanidade perdida, sobre as guerras, sobre divórcios e bla bla bla...

Mas eis que percebi que o mundo e nossas vidas podem ser uma merda, mas ei???Não há coisas boas?? Merda, olha que há :-)

Então, prefiro hoje deixar minha contribuição de alegria, de mensagem positiva. De confiança e auto estima. Hoje vou reforçar que cada dia é um novo dia. Que o sol brilha, o mar sublime ainda está no sitio e ainda é poderoso e maravilhoso, que o mundo tem tanta coisas lindas para ver, maravilhar e viver.

Que a brisa matinal nos vai deixar viver um novo dia e com ele nos pode ajudar a criar um dia diferente. Melhor. Não somente para nós, mas para quem nos rodeia. Ei, é só uma ideia parva, mas quem nos impede de fazer o bem? Hem????

Pois...as vezes é mais fácil seguir o negativismo, a cobardia e culpar tudo e todos, sair sendo a vitima, mas merda, é tão melhor fazer o oposto...A auto estima e confiança quase bate no universo :-) Um excelente dia para todos e sejam felizes.

Sem poder e sem perdão

Vagueei pelo montes, procurei-te na escuridão, mas eis que te encontro na luz. Estavas lá tal como ele me disse que estavas. E era altura de te roubar para a escuridão. Ficaste lá por breves momentos. Amaldiçoei tua vida e era suposto ficares ali para sempre. Mas sempre foste forte e com ajuda de algo superior saíste. Quase a rastejar. Quase morta, mas saíste. Como? Não tenho mais poder sobre ti? Não choras mais por mim? Não consigo te tira mais o sono? Corres para um porto seguro e não te alcanço mais...espera, ai não posso entrar...é o lugar dos justos e eu estou fora.

Onde andas tu demónio que me deste esta presa e ela fugiu de mim. Preciso da tua ajuda. As mulheres que me das agora são palha, queimam facilmente. Quero esta. Quero maltratar mais. Quero destruir o que restou dos pedaços dela partidos e escavacados. Não quero que reste nada dela. Quero vingança...Quero já.

Esta mulher não pode viver para alem de mim. NÃO PODE! Trás -la de volta para a escuridão. Quero minar ainda mais sua vida. Quero destruir seu lar. Quero odiá-la...quero...quero...

Quem procuras pobre diabo? Nunca mais a terás...ela é um anjo, protegida pelos céus. Não lhe podes mais alcançar, magoar, podes tentar usar a única arma que ainda te liga a ela, mas até esse lindo ser eu guardei debaixo da minha asa. Sentes ciumes. Sentes inveja. Odeias quem na verdade amas e sempre amas-te, mas demo como és, não te foi dado a sensibilidade de sentir, a emoção de viver e a possibilidade de perceber esse amor. Não tens perdão possível e não tens mais poder sobre elas... Prepara-te demónio porque está na hora de começares a pagar tuas contas...

A escalada

Vim para ali sem perceber muito bem, mas eis que á minha frente estava uma enorme montanha. Para os lados não havia caminho, estava uma névoa forte e escura. Algo me dizia que o caminho a seguir seria começar a subir. Instintivamente foi o que fiz.

Não se via o pico da montanha mas fui caminhando, subindo. No inicio muito devagar, era tudo incerto. Era um adamastor. Mas segui sempre. Cai algumas vezes, coisa sem importância, alguns arranhões. Nunca desisti. Ao fim de algum tempo, anos até, enfrentei uma tempestade, cai, quase que me esborracho no chão, mas não... levantei, limpei as lágrimas e segui em frente determinada que ia lá chegar. Ao topo, mesmo sem o ver. Bolas, que voltei a cair várias vezes, fiquei algum tempo sentada a chorar e desejar voltar para trás, mas isso parecia totalmente impossível e anti-natural. Eu queria fazer parte de algo que não sabia o quê...Por isso levantei-me e prossegui. Nunca caminhei sozinha totalmente. Estavam sempre pessoas ao meu lado, algumas com menor importância, outras com uma importância extrema, mas sempre importantes. A certa altura um pequeno ser caminhava a meu lado e ia crescendo comigo. E aquela subida tornou-se até um prazer, uma bênção. E por breves momentos não cai, não chorei, apenas desfrutei a paisagem da subida. As flores, o mar, a natureza, o ar frio numa noite de verão, o cheirinho do Outono, o inverno com seu sol, mas o friozinho típico. A certa altura aquela criança já crescida, quase uma mulher, que comigo caminhava subia por si, mas voltava ao meu lado de vez em quando dando-me a mão e sorrindo. Foi já perto do topo da montanha que vi aquele azul maravilhoso e aquela claridade indescritível. Aquela paz de espírito e harmonia. Eu tinha chegado ao fim da minha escalada. Aquela criança, que era agora uma linda mulher, dizia-me adeus, e um amo-te mãe...até um dia.

Olhei em frente e entrei na claridade. Não sentia mais aquela tristeza permanente. Já não me sentia mais aquela morta viva que ás vezes me assombrava e que subia a montanha sabendo que algo deixara para trás e que não viveu, que alguém a deixou para trás... Entrei e a minha espera estava minha mãe...abracei-a chorando. Tinha saudades dela que destruíam meu coração, mas ei-la ali.

-Valeu a pena a subida filha? -perguntou-me sorrindo.

-Sim mãe, pois tive pessoas magníficas que me acompanharam na subida, tive uma filha maravilhosa, uma bênção para mim e vivi um grande amor. Deslumbrei paisagens lindas, chorei, cai,  mas consegui aqui chegar...- disse agradecendo no meu coração a alguém por aquela subida.

-Ainda bem filha, porque agora estás em casa… e todos que já aqui chegaram antesde ti, aguardam-te.

A realidade de uma fantasia

No inicio era um sonho, daqueles em que voamos, em que fazemos viagens longas em segundos. Em que atingimos o pico das montanhas mais altas e em que tudo é possível e verdadeiramente livre.

Foi ai que te conheci, nesse sonho, onde te moldei segundo os meus desejos e fantasias. Tu eras divinamente magnifico. E tu eras aquilo que eu sempre desejei.

Depois estavas fora do sonho, já eras somente o desejo, a encarnação do que se passa no meu eu. No que eu gostava de ter e nunca terei. Porque és somente fantasia...

Mas em ti pensei, em ti senti, em ti desejei e depois acordei.

Voltei a ser eu. Acordei para a realidade dos factos e deixei a fantasia morrer. Ainda dá a sensação que te sinto, mas és somente uma ilusão. Percebi minha carência. Percebi minha fraqueza e percebi que a minha esperança, embora linda e honesta,  nunca...jamais, irá acontecer...