sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Meu Pai

Recordo os braços fortes, que vinham até mim, abraçavam com carinho e levantavam no ar, provocando risos sinceros e felicidade.
A mão dada, a passear, mostrando o que a natureza tinha de mais lindo, e confirmando que a teu lado estava segura.
O olhar forte e decidido onde mostravas quem manda, mas ao mesmo tempo, que amavam e cuidavam.
O carinho que da tua voz saía dizendo que amavas, que éramos as tuas meninas.
O crescer rebelde e conhecer uma outra faceta tua, onde eras austero e por vezes, para tristeza minha, violento.
O estar adulta e precisar da tua ajuda, mas tu esquivares sempre que podias, porque afinal, não estavas mais aqui para ajudar ninguém. Eramos umas mulheres feitas...

A morte da mãe e tu a perderes teu rumo e ires bater de frente numa rocha dura e feia, a quem um dia chamaste de esposa, esquecendo minha querida e doce mãe...
Era suposto amar-te para sempre, porque sem ti, eu não existia, mas naquele dia em que anunciaste o casamento com uma estranha, acho que o meu amor, outrora fogo que ardia forte e sem barreiras encontrou um balde de agua fria e resfriou...quase apagou...

A estranha, a quem empurraste para nossa vida e obrigaste a aceitar nela sem discussões. A mesma estranha que te colocou agora num asilo, porque tua mente já não sabe onde está, e o que faz e o tempo dela é precioso para a família dela, para te aturar e cuidar de ti.
A estranha que negligenciou teu bem estar e o bem estar da tua casa. A estranha que me proibiu de pegar/usar coisas que eram da minha mãe, porque tu dizias que essas coisas eram agora dela.

Tu que querias anular nossa mãe e tudo o que ela representava para mim e minhas irmãs. Não tiveste sucesso.

Agora tu, meu pai, estás uma criança. Um ser meigo e fofinho, que não consigo ter mais nada no coração do que amor e compaixão por ti. Não entendes o que está a passar, pois tua mente criou uma bolha, onde resides ausente da realidade. Não vais talvez por isso sofrer... E...talvez seja melhor assim.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Deus e Stephen Hawking


Seria no mínimo um encontro interessante entre Deus e Stephen Hawking.

Terminei de ler alguns trechos do livros “ Brief answers to the big questions” que foi lançado pela filha de Stephen Hawking.

Ateísta confesso, Stephen não ia claramente dizer que Deus existe. E de facto, que provas temos que ele exista de verdade?

Eu acredito que exista algo para além da nossa compreensão. Acho que estamos cá todos com um objetivo e para mim não há coincidências. Somos energia e transmitimos esta energia pelo universo e entre nós mesmos. E nossa sabedoria, pode ser infinita, se bem explorada.

Dito isto, ouvir as palavras de Stephen Hawking, ou de Bertrand Russel, ou até mesmo de Saramago, para mencionar alguns, é entrar no mundo da lógica e da razão, onde Deus não existe, mas que levanta uma outra série de questões pertinentes, não evitando deixar, mesmo assim, um pouco de vazio no nosso interior.

Ainda que os ouça com atenção e que compreenda suas ideias e factos, pois na verdade quem é que pode debater a razão? A verdade é que somos livres para acreditar no que quisermos, desde que essa crença, esse acreditar não nos cegue. O ser humano acredita em algo superior, por várias razões e enquanto essas razões sejam para nossa evolução como seres humanos de bem, então “No harm, no fowl”, certo?

Quem conhece a bíblia, sabe os relatos que nela constam. Sabe do Deus ciumento, por vezes letal, que age de forma egoísta, no primeiro testamento, mas também do Deus de coragem, que nos guia e ensina o perdão e o amor, assim como outros “frutos do espírito” , no segundo testamento, pela boca e ações de Jesus Cristo.

Temos então a lógica, a ciência que nos leva para um lado e o coração que nos leva para outro, pois acreditar em Deus é deixar guiar pelo coração, é acreditar que tem alguém que nos ama e que nos vai livrar do mal.

Ciência que nos indica que esgotámos os recursos naturais do nosso planeta e se aproxima um fim e a bíblia, onde Deus nos ensina e adverte esse fim. Onde está a verdade?

Questiono por vezes, se não será no fim de contas um Matrix, onde somos meros puppets, gafanhotos, como a bíblia menciona; e alguém; algures neste universo imenso, ri com tudo isto?

Lembra-te de mim

Guarda-me nas tuas memórias. Acolhe-me nos teus braços serenos com carinho. Eu sou a estrela que contínua a brilhar alto no céu, e que de ma...