Há coisas na vida, das quais recuperamos, mas as marcas ficam permanentes. Aprendemos a conviver lado a lado, como tendo uma cicatriz.
Quando em 2005 me divorciei, o que mais me fazia confusão era o que iria fazer com todas aquelas recordações que eu tinha. Cheguei mesmo a questionar J sobre isso. Ele disse-me que era algo simples, não se recordava. Bolas, mesmo sendo homem, e mesmo sabendo que eles fingem não dar valor a isso, a verdade é que as coisas acontecem com eles também, certo? Tipo, quando eu recordo o dia do meu casamento, o J também lá estava? :-) Como não se recorda???
É claro que hoje em dia eu faço desta recordação, como tantas outras que tenho do meu passado, algo que aconteceu e pronto, mas a verdade é que elas não vão embora e estão presentes. Essas recordações boas ou más, fizeram parte de mim. Da minha vida. Ninguém vive do passado, e eu tal como tantas pessoas neste planeta, que recomeçaram após o término de algo, tentamos nem pensar muito no assunto, mas bolas, não foi tudo mau, certo? Ora, comigo não foi certamente. O J não foi sempre aquele M&M's que era recentemente. Teve um tempo em que foi um namorado exemplar, um companheiro, um amigo e um marido. E eu tento recordar esse ai, porque a carga fica menos pesada... :-) O que mais me impressionou sempre para além do ter de relegar as memorias para segundo plano, foi ter de ser obrigada a deixar de amar alguém ( e olhem que essa não é nada fácil e sem dúvida gera a pior das dores ) e um dia, por forças das circunstâncias olhar para alguém que um dia foi companheiro, amigo, confidente, marido e dizer, este fulano não me diz nada e até chegar ao cúmulo, como aconteceu comigo infelizmente, de o mandar á M...
E como tornar a coisa mais linda, na coisa mais nojenta! Bolas !