terça-feira, 15 de outubro de 2019

A arte de roubar, disfarçada de cumprimento da Lei

Fui vitima de um roubo...bem, para os que o praticaram, diriam mais que eu fui vitima de uma aplicação da lei, à qual não só fiquei sem o bem que me "roubaram" como ainda tenho uma coima  enorme para pagar.

Existe uma linha muito fina, quase que me atrevo a dizer, que é uma linha tão fina, que fica difícil perceber que ela existe. Essa linha separa o lógico do ilógico, a estupidez do que é correto. De se fazer o bem e se fazer o mal. Como é mesmo, uma linha tão ridiculamente fina, tem pessoas que não a conseguem ver e ultrapassam-na sem dó nem piedade e quando, por serem descobertos, são chamados à atenção, estes apenas alegam com toda a simplicidade de que estavam apenas a cumprir a lei, ou que para eles lhes pareceu lógico o que é ilógico e por ai adiante.

Passo a explicar a caricata situação que aconteceu e que somente por indignação me leva a escrever este post.

Tinha um carro estacionado à porta de casa. Estava parado há alguns meses não o nego, cerca de 6 meses, por estar com caixa velocidades avariada. É um carro antigo e de uma marca pouco vulgar, tornou-se assim complicado e moroso encontrar caixa usada compatível, já que não há na marca a caixa para aquele modelo de 1994. Assim, estacionei o carro, de forma correta, numa das várias vias de estacionamento lá em casa, enquanto continuava na tentativa fervorosa de encontrar nova caixa para a substituição.

Podem questionar, o carro estava a perturbar alguém? Não
O carro estava mal estacionado? Não.
O carro estava abandonado? Não.
O carro apresentava sinais de abandono? Não.
O carro estava a ocupar um lugar que estava disponível para outro carro? Não, até porque existem várias vias de estacionamento livre e estão quase sempre vazios.

Compreendo que existem carros abandonados e que se estes forem removidos das vias, estão na verdade a fazer um bem para a sociedade, mas...existem situações e situações e quanto muito, na dúvida, questionavam-se os donos...

Então, porque razão, podem inquirir, a policia municipal decidiu levar meu carro? Eu fiz essa mesma pergunta. Claro que aos olhos da policia municipal e da lei cega,  meu carro estava num estacionamento abusivo, em abandono. E com base nessa lei, meu carro foi removido. Não explicaram foi que alguém chamou-os lá para remover um carro que estava sem faróis, acidentado há mais de um ano, estacionado numa outra via e que ao passaram, acharam que o meu estava abandonado também. E assim sendo toca a levar o veiculo.

Dias mais tarde, recebo uma chamada de um senhor de Bragança com uma caixa igual e em bom estado para o meu carro e passo na policia para o ir levantar, afim de colocar a caixa e continuar a circular como até ali. Não fosse a exorbitância da estadia diária e a exorbitância do "trabalho" de reboque.Tudo somado, ultrapassava já os 370€.  Fiz o que a grande maioria faz, dei o carro como perdido, impossível de o recuperar, a favor do estado. Dei baixa do seguro, vou continuar a pagar o imposto anual ás finanças, até que o carro tenha um fim.

Só descobri esta situação, pois ao ir ao local para levantar meus pertences que tinha dentro do carro, vejo que este estava estacionado precisamente ao lado do tal carro acidentado. 

Agora virá a coima, à qual irei tentar apresentar provas do que aconteceu foi um erro, mas no mundo em que o que é lógico para mim não é para quem está a aplicar esta lei...neste mundo, eu sou responsável e cometi uma infração, logo fico sem meu carro e pago a coima...

Lá dizem que por vezes a lei é cega...e com esta cegueira, ficamos sem algo que é nosso, que não o devemos a ninguém e muitas das vezes foi uma luta para conseguir ter. 

A lição que aprendi aqui foi : Compra um carro vulgar de marca comum e não o deixes estacionado à porta de casa, porque nunca se sabe...

Lembra-te de mim

Guarda-me nas tuas memórias. Acolhe-me nos teus braços serenos com carinho. Eu sou a estrela que contínua a brilhar alto no céu, e que de ma...