quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O retiro da corajosa guerreira


Não é como se não tivessem ocorrido sinais. Diariamente cada um deles foi surgindo e mostrando estar aqui para ficar.

O cansaço foi aumentando e tornou-se em algo complicado de gerir e suportar.

Foram as situações más, as bolas curvadas que a vida enviou, quando tudo parece estar a correr bem, mas que afinal não era suposto. Pode um ser humano ter tréguas?

Sim a vida. O raio da vida que vem trazendo as pessoas certas para teu lado, mas também tantas e tantas erradas. Seria de supor que se tirasse algo bom ou lidar com essas pessoas erradas, afinal tudo tem uma aprendizagem boa; supostamente; e devemos sempre buscar o bom de tudo, mas quando o cansaço está presente na sala, não há como perceber o lado bom do que quer que seja. Demasiado medo para o perceber...

É então que te deixas sentar derrotada, desarmada de forças e sem energia. É nessa altura que percebes que o teu lado guerreiro atingiu seu limite e chegou o tempo do seu retiro.

Estás cansada das coisas, da rotina, das pessoas...Tentas lutar ainda, mas o universo lá vai dizendo que não é altura para isso e percebes que remar contra a maré não só é contra produtivo como aumenta teu cansaço...

E eis que estás aqui, perante o mundo, pesando na balança as coisas boas e as coisas más. São vivências, emoções, sentimentos e o que fica é somente um pesar, uma inquietude e ansiedade constantes. Não é nada de bom. 

Vai então e retira-te. Resguarda-te até que voltes a acreditar, até que as coisas voltem a fazer sentido. Mas apressa-te, pois sabes que o tempo já não espera mais por ti...








terça-feira, 15 de outubro de 2019

A arte de roubar, disfarçada de cumprimento da Lei

Fui vitima de um roubo...bem, para os que o praticaram, diriam mais que eu fui vitima de uma aplicação da lei, à qual não só fiquei sem o bem que me "roubaram" como ainda tenho uma coima  enorme para pagar.

Existe uma linha muito fina, quase que me atrevo a dizer, que é uma linha tão fina, que fica difícil perceber que ela existe. Essa linha separa o lógico do ilógico, a estupidez do que é correto. De se fazer o bem e se fazer o mal. Como é mesmo, uma linha tão ridiculamente fina, tem pessoas que não a conseguem ver e ultrapassam-na sem dó nem piedade e quando, por serem descobertos, são chamados à atenção, estes apenas alegam com toda a simplicidade de que estavam apenas a cumprir a lei, ou que para eles lhes pareceu lógico o que é ilógico e por ai adiante.

Passo a explicar a caricata situação que aconteceu e que somente por indignação me leva a escrever este post.

Tinha um carro estacionado à porta de casa. Estava parado há alguns meses não o nego, cerca de 6 meses, por estar com caixa velocidades avariada. É um carro antigo e de uma marca pouco vulgar, tornou-se assim complicado e moroso encontrar caixa usada compatível, já que não há na marca a caixa para aquele modelo de 1994. Assim, estacionei o carro, de forma correta, numa das várias vias de estacionamento lá em casa, enquanto continuava na tentativa fervorosa de encontrar nova caixa para a substituição.

Podem questionar, o carro estava a perturbar alguém? Não
O carro estava mal estacionado? Não.
O carro estava abandonado? Não.
O carro apresentava sinais de abandono? Não.
O carro estava a ocupar um lugar que estava disponível para outro carro? Não, até porque existem várias vias de estacionamento livre e estão quase sempre vazios.

Compreendo que existem carros abandonados e que se estes forem removidos das vias, estão na verdade a fazer um bem para a sociedade, mas...existem situações e situações e quanto muito, na dúvida, questionavam-se os donos...

Então, porque razão, podem inquirir, a policia municipal decidiu levar meu carro? Eu fiz essa mesma pergunta. Claro que aos olhos da policia municipal e da lei cega,  meu carro estava num estacionamento abusivo, em abandono. E com base nessa lei, meu carro foi removido. Não explicaram foi que alguém chamou-os lá para remover um carro que estava sem faróis, acidentado há mais de um ano, estacionado numa outra via e que ao passaram, acharam que o meu estava abandonado também. E assim sendo toca a levar o veiculo.

Dias mais tarde, recebo uma chamada de um senhor de Bragança com uma caixa igual e em bom estado para o meu carro e passo na policia para o ir levantar, afim de colocar a caixa e continuar a circular como até ali. Não fosse a exorbitância da estadia diária e a exorbitância do "trabalho" de reboque.Tudo somado, ultrapassava já os 370€.  Fiz o que a grande maioria faz, dei o carro como perdido, impossível de o recuperar, a favor do estado. Dei baixa do seguro, vou continuar a pagar o imposto anual ás finanças, até que o carro tenha um fim.

Só descobri esta situação, pois ao ir ao local para levantar meus pertences que tinha dentro do carro, vejo que este estava estacionado precisamente ao lado do tal carro acidentado. 

Agora virá a coima, à qual irei tentar apresentar provas do que aconteceu foi um erro, mas no mundo em que o que é lógico para mim não é para quem está a aplicar esta lei...neste mundo, eu sou responsável e cometi uma infração, logo fico sem meu carro e pago a coima...

Lá dizem que por vezes a lei é cega...e com esta cegueira, ficamos sem algo que é nosso, que não o devemos a ninguém e muitas das vezes foi uma luta para conseguir ter. 

A lição que aprendi aqui foi : Compra um carro vulgar de marca comum e não o deixes estacionado à porta de casa, porque nunca se sabe...

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Chegar aqui e...


Se pensar bem, percebo que não é aos 50, 60 ou 80 que olhamos para trás na nossa vida e fazemos aquela maldita análise sobre o que podíamos ter feito, do que nos arrependemos, o que queremos ainda...

Estou com 45 anos e já à uns bons 3 anos que me questiono com estas coisas e provavelmente não serei a única, obviamente.

Cheguei aqui e aqui é um lugar que não quero estar.
Tendo perfeita consciência de que hoje em dia, lutar pelos nosso sonhos é tão difícil, pois temos contas a pagar e filhos a educar/criar e isso sobrepõem-se infelizmente ao sonho.

Chegar aqui aos 45 anos e perceber que não faço o que gosto, que estou simplesmente cansada de fazer trabalhos aos quais são apenas meios para pagar contas. Como li recentemente no livro de Kasey  Edwards, não se trata de de ser preguiçosa, é mesmo um estado de chegar aqui e querer finalmente ser livre e fazer o que realmente se gosta, o que mais conta e ainda ser pago para isso.

E a Kasey concorda comigo 😊.

Incrível que dito as coisas assim parece algo simples, mas na verdade, não o é. Se analisar bem as coisas quase que se torna dantesco correr riscos, deixar emprego, ir atrás de um sonho, com contas para pagar e uma filha adolescente para criar.

Chegar aqui e perceber que levantar de manhã é uma verdadeira façanha.
Como é que raio cheguei aqui?

Penso em tudo que eu nunca vou poder fazer, ou até mesmo ver, por estar limitada neste meu mundo que a vida me colocou.

Disse no passado, que sabia que a minha vida iria correr bem, ainda que não fosse como eu gostava, e não deixei de ter razão, mas a verdade é que se eu não fizer nada agora, agora que tenho 45 anos, não o farei mais e serei mais uma das muitas abelhinhas trabalhadoras que vivem de ordenado em ordenado e fazem o que tem de fazer, porque simplesmente é assim...

Quem está no mesmo caminho que eu estou agora, vai entender este meu desabafo e esta minha inquietude, quem não está vai dizer para que eu pare com as lamentações e siga com minha vida...pois...tenha calma, que vão lá chegar também.

Não sou ingrata ou inconsciente, agradeço tudo o que consegui até agora. As lutas que travei, e que me levaram a ser a mulher guerreira que hoje sou. No trabalho, apesar de não gostar, não falto, não chego atrasada e fico imensas vezes para além da minha hora. Sou responsável e sei que sou paga para fazer aquele trabalho e que estão a contar comigo, por isso não vou falhar, para além de constatar o óbvio, estar sem trabalho, seria a ruína da minha pessoa e da minha filhota. Mas...

Mas, como um grito de ajuda ao universo, eis-me aqui, no agora, questionando próxima etapa.
Estarei próxima de obter uma resposta? Vai o Universo mover o que tem de mover, para fazer acontecer? Ou será que tenho de ser eu a fazê-lo. Já.
Não estarão já as coisas em movimento? Não saberei eu já a resposta?

I wonder...

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

De volta ao caminho

Voltas e mais voltas, remexe tanto que a ansiedade chega  a criar um bolo na garganta. Nestes dias o caminho trás-me aqui novamente e a surpresa de estar cá é o que me deixa ainda mais de boca aberta...

Cheguei a pensar que era caso único nesta vida. Bolas que eu sou o alien cá do planeta, mas hoje sei que não sou...tem mais pessoas do meu calibre e semelhança.

Estou cansada, sinto-me desiludida...

Desta vez, não estou perdida. Sei porque estou aqui, e embora ainda não tenha percebido qual a ação correta a tomar, sei que estou no caminho de novo, para analisar, agir e evoluir.

O que pretendo para mim? Estou cansada...

Pretendo por um ponto final aos dias de ansiedade, sem entender bem, porque ela anda por aqui.
Pretendo por um ponto final ao abuso da minha boa vontade.
Pretendo por um ponto final ao desrespeito para comigo.
Pretendo por um ponto final ao que de lascivo e incorreto minha personalidade e carácter criou.
Pretendo iniciar um novo ciclo, desta vez comandado por mim, pela minha vontade, iniciativa, decisão.

Pretendo dizer ao caminho que quem decide qual o que eu seguir sou eu e unicamente serei eu quem o poder determinar.

O universo conspira, empurra para as situações, faz-nos sentir o vento forte a bater de frente, mas nestas alturas, devemos SEMPRE fazer peito e empurrar. Mas quem é que nos pode derrubar???

Que saudades de voar...


 

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Nada é nosso na verdade...

Nada é nosso de verdade...

Uma casa, sonho de uma vida, decoração estudada ao pormenor. Uma divida, entrega da casa para a liquidar. Foi-se o sonho, o gosto na decoração. Em cada peça escolhida a dedo... Foi-se... hoje terceiros habitam a casa, usam os pratos e os copos. Estragam-se ou partem-se... Nada é nosso de verdade.

O amor, linda historia que une dois seres. A entrega, a partilha, o dizer que é para sempre, porque na altura é isso que se sente. A rotina, a partilha que aos poucos fica enfadonha, o querer outra coisa. Viver outra vida. O que era para sempre, fica reduzido a um : " Foi bom enquanto durou e cada um parte para novas jornadas. Nada é nosso de verdade...

São historias e mais historias de vida, de coisas que passam, ficam por momentos e num ápice deixam de estar... Tantas para contar... Nada é nosso de verdade...

Mas tem aquelas, as poucas, que vão sendo a luz guia no meio da escuridão. Nessas, a luz brilha, porque as pessoas ficam, por amor, as coisas mantém-se por sorte, por cuidado, porque assim tem de ser...

São como pequenos grãos de areia, quase parecem insignificantes, mas juntos quem sabe, sendo já vários espalhados pelo mundo, tornam-se numa linda praia.


quarta-feira, 24 de julho de 2019

Senhora Dona Velhice

Talvez mais assustadora que a própria morte, caminhas entre nós, assombrando nossas vidas...Estás lá mesmo quando somos bebés e nem percepção de ti temos. Quando somos adolescentes e achamos que somos imortais. Mesmo nos nossos 20, 30, 40 anos... mas tem um dia que tua assombração é reconhecida e tu sorris de frente, com ar de vencedora. O dia em que começamos a perceber que estamos a envelhecer.

Atacas de forma singela, quase imperceptível nossa mente. "Olha que esqueço das coisas, tenho de começar a apontar tudo" lá dizemos a sorrir, para que não saias vencedora, mas...

Atacas nosso corpo de forma inusitada e aos poucos, vais tomando conta de tudo e quando percebemos estamos a olhar para alguém de cabelo branco, corpo frágil, mente esquecida, e a saúde começa a querer tirar férias de nós e por vezes de forma permanente.

Sim...mais do que a própria morte tu assusta-me e se viver a vida de forma pacifica é aceita-la tal como ela é, tenho então um longo caminho pela frente, quase um adamastor gigantesco para aceitar que tu virás, que já começas a dar indícios e na verdade, eu odeio-te. Não consigo ter respeito por ti. 

Sim, tal como a morte sais sempre vencedora, mas a morte retira de uma só vez. Tu, pelo contrário vais retirando dia a dia e levas nossa dignidade enquanto seres humanos, pois muitos de nós, perdemos consciência, faculdades e viramos bebés gigantes, que precisam do amor e cuidado de terceiros. E tal como os bebés pequeninos e fofos, ficamos complemente dependentes do amor e carinho que nos possam dar, mas a verdade é que na maioria, nossos idosos são maltratados e abandonados, por isso...

Sai então vencedora, ri e vangloriza-te do que nos fazes passar...não temos forma de te contrariar...

Como gostava que as palavras contidas na bíblia fossem verdadeiras e um dia, tu fosses de facto derrotada, junto com tua amiga e nós humanos pudéssemos rir em toda a nossa glória de juventude.

E tu ris eu sei...vai sonhando...vai sonhando.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Neste inverno cinzento...

Passados todos estes anos, questiono se valeu a pena? 

Não tenho resposta do teu lado, porque só te limitas a olhar o infinito, como se a resposta que anda algures viesse até mim, sem que não tivesse necessariamente de sair da tua boca. Mas é de ti que a espero. Valeu a pena?

Quantas vezes olho para ti, vendo teu sorriso estampado na cara, ostentado os dentes brancos e fortes que ajudam a criar a beleza que é o teu rosto, questiono o que pensas tu, quando não estás aqui comigo? Virá à tua mente questões como : O que faço aqui, se não a amo? - Sim vem...Estou certa disso... mas do meu lado, sabes que pensamentos me ocorrem quando não estás? Que te amo, que sinto saudades tuas, que tenho orgulho no que fazes profissionalmente e sinto respeito por seres quem és para mim e que amo teu corpo, teu rosto, tuas lindas mãos, sempre cuidadas. Diz lá se isto não é amor?!...

E dentro do teu olhar, desses olhos castanho escuro, que olham para mim mas nada dizem, porque nem tu sabes as respostas as todas as questões, porque simplesmente não te conheces bem de verdade. Porquê analisar os sentimentos e emoções? Vive o momento não é verdade? Não penses demasiado, porque a vida são só dois dias e um já passou...

Mas em mim... em mim, deixas um inverno cinzento e constante. Deite meu coração há tanto tempo que já esqueço dele e dos dias lindos de sol. Ando no cinzento deste inverno e questiono porquê? Porque me deixo arrastar neste inverno medonho...?

Fico a ver teu corpo partir daqui, pois o resto já há muito tempo foi embora...aqui deixas apenas o inverno cinzento e eu no meio dele...











quinta-feira, 16 de maio de 2019

" Por favor, sê mais simpática..."

Confesso que ainda fico chocada com a maldade humana. A cada dia lemos e vimos coisas que só lembraria a um demónio sem sentimentos de bondade, amor e compaixão. Que só lembraria a um ser desprovido de ser um ser humano, mas eis que o são. Não há demónios aqui, seres celestes que de forma invisível professam sua maldade no ser humano. Não. Não acredito que existem.

Acredito sim que cada um de nós, seres humanos, habitantes deste maravilhoso planeta, algures num sistema solar, que habita este grandioso universo,  tem tanto a capacidade de fazer os maiores atos de bondade e amor, como fazer o mal mais pérfido, nojento e viscoso.

São pessoas a matar outras porque sim, porque simplesmente apetece, como aquele idiota que matou o rapaz em Itália, só porque o rapaz estava feliz e a felicidade dele transtornava a cabeça do seu homicida, que já nem consigo mesmo consegue viver.

Quando se chega ao ponto de matar crianças ou idosos que sem mal algum procuram compaixão pelo seu estado, então o que nos resta em quanto humanos?

Confesso que fico abalada por estas noticias, não a ponto que ficarão os familiares destas vitimas, pois como sabemos, lamentamos quem morre, mas quem sofre é quem cá fica com a ausência dessa pessoa. Mas fico abalada com a maldade... E sempre questiono como chegamos aqui? Porque não pensamos antes de agir, porque não temos a coragem para fazer o bem e encontramos maneira de ter coragem para fazer o mal?

Resta-me usar a frase que o idoso que foi empurrado para fora do autocarro por uma mulher simplesmente maldoso, usou : Por favor, sê mais simpática... "

Quem sabe o ser humano, na sua continua evolução, encontra forma de evoluir também nos sentimentos e percebe que o amor, o verdadeiro amor, é o caminho, para tudo na nossa vida.





quarta-feira, 13 de março de 2019

Mato-te porque te amo...

Amo-te...pelo menos acho que sim. Já nem sei o que é este sentimento que me prende a ti e me faz ficar possesso de ciúmes e dor.

Olho para ti e não consigo sequer conciliar a minha vida sem ti...e as vezes, se não existisses era tudo mais simples.

Fico acordado à noite, a pensar...a deixar que esta dor de ti, da falta de ti, domine minha cabeça e coração. Deixo corroer como um ácido poderoso, até que no alto do meu amor, ou será ego?...Até que do alto de algo que não sei bem descrever, minha mente procura uma solução para responder à dor e com isso eliminar o peso que carrego.

O tempo passa e a resposta ganha a cada instante contornos mais físicos. Preciso que a resposta seja uma realidade. Não por ti, mas por mim. Porque no meio da minha falta de sensatez, algo que já perdi há muito tempo, eu não quero mais tua felicidade, nem sequer dos nossos filhos. Eu sou aquele que procurou uma resposta e já a encontrou...Não volto a sentir isto...

Então, por te amar, eu procuro formas cegas de te tirar do meu caminho, porque já nem raciocino e a tua vida para mim perdeu qualquer valor. Só conta meu amor, ou será meu ego?...

Então tento por um instante, um só segundo, dizer a mim mesmo que não está correto. Que direito tenho eu de tirar tua vida? De tirar qualquer vida na verdade? Mas logo passa e se não estiveres aqui é bem melhor...e meu amor fica sanado, ou será meu ego?

Então eu deixo acontecer, esquecendo os dias felizes que vivemos, o apoio que um dia me deste, o amor e carinho com que durante dias, meses e anos, me apoiaste e dedicaste. Esqueço que lutaste a meu lado e a vida que junto construímos. Esqueço que foste a mãe dos meus filhos, o lindo dia em que nasceram. Esqueço o amor que fizemos, a troca sentida de emoção, amor e carinho. Esqueço o respeito por seres mãe, mulher, filha, sobrinha, prima, tia...um ser humano. E num estante, tu já não existes mais...

Para justificar minhas atitudes e um coração completamente corroído pela mais pura maldade, eu arranjo desculpas. Eras infiel, pediste o divórcio, não me amas mais, viras má, um ser monstruoso que destruiu a minha vida e eu agora tive de devolver da mesma moeda.

Então é que percebo, muito tempo à frente, que eu destruí a minha vida, que eu na verdade não tinha amor, era posse. Porque se te amasse deixava-te ir, até porque muitas das vezes era eu que te causava dor e aflição e como conseguias viver com alguém assim, mesmo que  me amasses?

É nessa altura que percebo que na verdade tu não merecias morrer, porque não tinhas cometido nada que o justificasse. Mas já é tarde. E sabes? Na maioria dos dias, nem quero pensar que cometi um crime hediondo, porque o que ficou corroído, já não tem forma de voltar a ser. E este coração já nem sei o que sente... Será que ainda sente alguma coisa?...

Eu sei que não mereço perdão, porque pensei que te amava, mas na verdade era apenas meu ego e ele saiu vencedor porque no fim, até a mim ele matou.




in Memoriam a todas as Vitimas de Violência Doméstica    

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Tu, aquela que ninguém ama...


Lembras daquele sonho, aos seis, sete anos, em que acordaste assustada e com a sensação de tristeza, pois nesse sonho alguém te disse que ninguém te amava? Sim, tu lembras, porque esse sonho tem assombrado todos os dias da tua vida até agora.


E agora que, chegando nesta fase da tua vida, analisando com mais clareza, tudo o que te rodeia, eis que tu sabes que esse sonho era uma premonição da tua realidade e aceitar essa realidade é o que mais doí, principalmente quando nada fizeste para ai estar. Mas eis que percebes que o amor foi algo que te foi negado enquanto ser humano. Muitos de nós nascem com essa sina, ou são simplesmente indícios de uma sociedade a cada dia mais egoísta, fria e desprovida de emoção e sentimento.

Sim tu és, aquele que ninguém ama. És direta demais, sincera demais, recusas a hipocrisia e o medo. Enfrentas as coisas, e isso minha querida não é para todos. Dizes sempre que é preciso mais coragem para fazer o bem do que o mal e nada podia ser mais verdade neste momento.

Tu és aquela que ninguém quer ter por perto, porque tu mostras as falhas, apontas o dedo, não engoles merdas e tretas. Já não tens paciência para a estupidez e hipocrisia. Tu que gostavas de fazer as viagens com o Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry, porque com ele sabias que terias sempre a verdade e não a mentira. O amor e não a hipocrisia. Mas a vida não é um livro de histórias, e as pessoas não são como o Principezinho, lamentavelmente.

Agora que nesta fase pós-embrionária do conhecimento do que te rodeia, sem filtros, sem paninhos quentes, lida com mais esta situação de forma honrada e honesta. Não atrapalhes quem não quer ser atrapalhado e vai lá viver a tua vida, sempre com  certeza de que tu sim, tens de amar, tens de ajudar, tens de ser sempre honesta e fiel aos princípios. Que tu sim, tens de mudar teu mundo para melhor, para que quem sabe com isso, possas ajudar outro alguém a fazer o mesmo e no fim, a humanidade possa mudar também, um bocadinho, para o bem, para o amor, para a paz e tranquilidade, embora ainda existe muito amor no mundo, pessoas excelentes que conseguem fazer ainda, por amor, verdadeiros milagres. Agradeço a Deus por elas...

Mas, tu...aquela que ninguém ama, ama-te a ti mesma e ao próximo, mesmo que dele venham pedras...Tu, aquela que ninguém ama, percebe que o amor continua a ser o caminho e pf não te desvies dele. Nunca. Porque por vezes nem o amor é amado...








quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

2018

Não tenho por hábito fazer balanço do ano que termina, mas este ano... OMG, este ano vou fazer. Foi de longe o ano mais positivo nos últimos tempos.

Evolução pessoal foi imensa. A procura de um recomeço, foi alcançada. recomeço depois da turbulência, da inquietude... Não é que ela anda não esteja cá, mas...anda mais espaçada nas suas aparições.

Houve mais evolução, mais maturidade. Voltou a serenidade, o levar a vida como se fosse um jazz de Sobral...Tranquila.

Materialmente, caiu uma herança inesperada e algumas coisas foram resolvidas e a tranquilidade chegou também neste sentido.

Trabalho numa empresa que gosto e admiro. Com pessoas que admiro ainda mais e faço o que gosto. Finalmente :-) :-)

Tranquila...Tranquila...

Espero que 2019 seja uma continuidade de tudo que nestes últimos meses tem acontecido e que o jazz do Sobral continue aqui comigo..."nem eu...nem eu..."

Feliz 2019 a todos :-)


Lembra-te de mim

Guarda-me nas tuas memórias. Acolhe-me nos teus braços serenos com carinho. Eu sou a estrela que contínua a brilhar alto no céu, e que de ma...