Eu já cá andava antes de ti e por cá ando depois de ti.
Não posso apagar meu passado, nem sequer posso melhorar ou alterar
coisas que foram ditas, ou feitas. Meu objetivo, depois que comecei a viver
longe de ti, foi ser ainda melhor. Manter minha dignidade, carácter, pois é a única
coisa que eu posso controlar. Minha forma de agir, de pensar. Mudar a cada dia
para melhor. Ser tolerante, paciente, amável. Ser melhor irmã, amiga, filha, e principalmente
mãe. Ser melhor em todas as personagens que dia a dia encarno. E isso eu
atingi. Isso eu sou.
Estou orgulhosa do meu caminho. Estou orgulhosa da travessia, que
embora dolorosa e sentida, foi superada com sucesso. O sofrimento fez de mim a
mulher que hoje sou e eu amo-a, porque aprendi a aceitar, descobri o que de
facto queria da vida e que ela não é como se quer, mas como é suposto ser. E
por fim libertei-me.
Sei que sabes da minha entrevista na televisão e obviamente seria
de esperar muito se tu pudesses vê-la com olhos de ver e perceber e aceitar
teus erros, em vez de agir com mais arrogância. Seria pedir-te demasiado que
entendesses que tu destruíste algo em mim que jamais voltará, que não se deve
fingir amor, nem sequer aproximar-se de um ser humano sem sentir nada por ele e
deixar que este se apaixone, na verdade, por uma ilusão. E tu sabias bem quem
eras e como eras antes de me conheceres e fingires teu interesse em mim. Terás algum
dia consciência do quanto me fizeste sofrer?
Perguntei-me sempre porquê eu? E no fim tive minha resposta. Tinha de ser eu, por ser a ingénua e a menina que construía castelos no ar. A romântica que acreditava no príncipe encantado. Mas sabes uma coisa?! Eu perdoei-te.
Perguntei-me sempre porquê eu? E no fim tive minha resposta. Tinha de ser eu, por ser a ingénua e a menina que construía castelos no ar. A romântica que acreditava no príncipe encantado. Mas sabes uma coisa?! Eu perdoei-te.
E quando perdoei, eu aceitei tudo o que sofri e segui em frente.
Dizem que passamos todos por um luto após um divórcio e eu concordo, as etapas
são diferentes para todos e eu demorei muito tempo em algumas dessas fases,
talvez porque eram aquelas que me magoavam mais, mas independentemente do
tempo, eu fui ultrapassando essas etapas, derrubando essas barreiras para
chegar onde estou. A felicidade agora é real, porque não vivo mais presa a
nenhuma ilusão. A felicidade veio com a aprendizagem do meu sofrimento e com a
pequena B, que cresce e se torna a cada dia numa mulher. Já dizem que não
parecemos mãe e filha, mas irmãs, pela relação que temos e a cumplicidade única
que construímos.
Não sou irrealista por pensar que não voltarei a sofrer na vida, a
vida não é fácil e viver em sociedade, no estado em que esta se encontra
atualmente, também tem seu peso. Sei que um dia morrerei e só isso em si pressupõe
algo de mau que vai acontecer.
Mas estou serena na minha vida e consciente dela. Se a vida me dá
limões....
Não sei se lês ou não este blog e sinceramente, é para o lado que durmo
melhor. Só iria me preocupar se nele eu tivesse escrito alguma mentira. Mas
isso eu não fiz. Em nenhum post, em nenhuma palavra. Escrevi o que sempre
senti, o que por maldade me fizeste passar, mas também escrevi sobre minhas vitórias
e as coisas que me levaram até onde hoje estou. A verdade é que eu gosto de escrever, porque a
vida para além de ti é vive-la a cada dia. Um dia de cada vez e tendo perfeita noção e um alivio, de que tu já não fazes parte dela.


E sabes...?! Eu tenho ainda sonhos para realizar, sonhos esses que estão a minha espera.