A Estranha em mim

Habito tua alma, faz anos...Domino por completo tuas emoções e sentimentos. Teu coração é minha casa e sem mim, tua vida seria melhor. Mas eu domino. Sou rainha e senhora. E porquê?

Porque me deixaste entrar um dia, naquele dia em que sozinha, baixastes os braços e desististe. Nesse dia entrei de fininho na tua alma. Comecei por destruir teu humor. Teu lado sensato de amar, tua vida estruturada e organizada. Teu discernimento e lógica ao avaliar as pessoas.

Destrui por completo tua vida por te influenciar a amar a pessoa mais incomum. Destrui teu ser, quando decidi que era hora acabar com minha presença em ti. Quando decidi ir embora e te deixei desamparada, confusa e sem saída possível. Meu trabalho está feito, tudo em ti está desfeito, inútil e sem sentido.

Agora vê como te safas desta? Achas que te questiono para teu mal?

Não, quem sabe esta minha pergunta de saída é a melhor coisa que te deixo...e te faz mudar...JÀ!

Segunda Oportunidade.

E todos nós a merecemos....

A muralha

Seja pelas amarguras da vida, amarguras causadas por terceiros, seja pelo motivo que for, criei à minha volta uma muralha. Cada dia uma pedra nova e a muralha cresceu e cresceu. Cresceu de tal forma que olho a minha volta e vejo uma enorme parede e quando tento procurar, do alto da minha muralha por alguém para pedir ajuda, ninguém mais ouve. Estou sozinha lá no alto. Questionando porque levantei eu aquela muralha? Onde falhei? Quando foi que comecei a construir aquele muro? E como é que eu vou sair dali agora?

Descobri que tem duas saídas a minha muralha. Não que fosse eu a planeá-las lá. Apenas alguém as colocou, para me poder ajudar. Uma delas tem uma porta dura, pesada mesmo, quase intransponível. A porta está fechada e quem tem a chave para eu sair não a vai abrir. As vezes tem a plena certeza que eu também não quero que ele a abra, outras vezes, acho que só ele a pode abrir e só ele pode me tirar dali. Claro que nos dias em que a razão prevalece na minha mente e em que eu estou de bem com a vida, eu não olho sequer para essa porta, esqueço que ela existe. Mas todos temos dias maus, certo? Nesses dias maus, acredito que a melhor coisa que me aconteceu na vida foi também a pior.

Mas, para meu alento, alguém colocou outra saída, que não tem portas, é só sair, mas será talvez a que mais me custará neste momento. Porque sair implica abrir meu coração ao mundo. Implica ficar frágil e vulnerável. Implica desejar um novo amor. Implica conhecer novas pessoas. Implica soltar o sonho e lutar por ele. Implica viver a vida...e eu, do alto da minha muralha, olho mais para essa saída, mas falta-me as forças para dar o passo. Tenho o medo por companhia e os dias vão passando e os anos também. E se eu não fizer nada agora, daqui a uns anos mais, do alto da minha muralha, vai restar um cadáver, de alguém que não mexeu as águas da vida e se deixou morrer. Eu sou o meu pior inimigo.

Simpatia pelo mal

Existem coisas que acontecem na vida das pessoas que muitas das vezes podiam ser evitadas ou pior, não deveriam sequer acontecer.

Simpatia pelo mal, leva-nos a fazer coisas que não nos orgulhamos e muitas das vezes dizemos a nós mesmos que o motivo que nos leva a cometer aquele erro ou quiçá pecado, é pelo bem maior. Mas isso não resolve nem sequer justifica...

Existem inúmeras situações que se podiam aplicar aqui, mas vou mencionar aquelas que são sem sombra para dúvida as piores. E que transformam um ser humano, num ser minúsculo, num gafanhoto, sem carácter e sem um pingo de responsabilidade. Muitas dessas situações condenamos e existem prisões para isso, mas outras, mostramos uma simpatia pelo mal e lá vamos convivendo com elas. Mas será que deveríamos mesmo aceitar de ânimo leve?

Meu sobrinho tem 20 anos. É um jovem alto, bonito, terno e com um coração tão grande como o mundo. Grande é também sua imaturidade, que ele tenta disfarçar com frases perfeitas e pensamentos radicais e ultra modernos. Mas não deixa de ser uma criança ainda, a aprender a ser adulto.

Começou a namorar alguém mais velho que ele. Alguém, que no meu entender não seria a pessoa certa. Não vou julgar valores ou moralidade, apenas como tia e quase como uma mãe para ele, desejaria alguém melhor. Simplesmente porque queremos sempre o melhor para os nossos filhos. E ele já teve, mas como sempre, quem nos ama e nos respeita, não acende em nós a chama da paixão, nem nos faz fervilhar as emoções e acabamos sempre por "despachar" a pessoa para ir atrás de quem não se deve. E assim, ao fim de 15 dias. Meu querido menino, vem assustado dizer que a namorada nova está grávida e não quer fazer um aborto. Ok...belo golpe, que já esperávamos. Mas de nada adiantou advertir, ás vezes temos de passar pelas coisas para perceber e acordar. Ele acordou, meio confuso e sem saber o que fazer. Por simpatia pelo mal e pelo facto de que a dona do corpo dela é ela mesmo, meu sobrinho não terá poder para escolher. Eu não sou a favor do aborto, mas não vou ser hipócrita dizendo que ficar com este bebe, será o melhor para todos, porque isso não é verdade. Principalmente pelo bebe.

Outra situação que este fim-de-semana me chateou imenso foi descobrir que alguém que estimo vive uma situação de traição pelo marido. Praticamente desde o inicio do casamento. A situação é tão ridiculamente estúpida, que minha amiga sabe de tudo. As amantes do marido sabem que ele é casado e toda gente aceita de ânimo leve a situação, deixando o sujeito, andar a fazer o que bem lhe apetece. Será que ninguém aqui tem um pouco de respeito por si para dizer: BASTA?!

Merda, será que o medo da solidão é assim tamanho que a pessoa anulasse a si mesma, aceitando ser a outra, ou pior aceitando ser a traída? Porque engamos quem nos ama, traindo essa pessoa e dizemos a nós mesmos que não há mal algum? Porque mentimos, enganamos, troçamos com outros seres humanos, quando o amor deveria estar acima de qualquer coisa?! Porque insistimos em magoar quem nos ama, quem nos protege? Porque planeamos em nossas mentes, traições, mentiras, roubos, assassinatos e outros males, justificando os mesmos, com argumentos dúbios e totalmente desprovidos de amor real, alienando o amor real e tendo uma total simpatia pelo mal? Será que não temos mesmo noção do mal que estamos a aplicar numa outra pessoa? Num outro ser humano?

Que Deus nos ilumine, porque o homem há muito tempo que não sabe reger o seu passo...