Amargura

As vezes, por frações de segundos, fico parada no tempo. Recordo expressões, recordo um sorriso, uma palavra, um rosto.

Por leves momentos eu já nem sei mais quem amo e nem porquê. Tudo o que vivi passa por mim, como num filme e é como se eu não participasse nele.

Fico presa a nada. Agarro-me a nada. Fico amargurada com essa sensação e percebo  finalmente o que foi destruido pelo J. Percebo nessas alturas o grau de destruição. Nesses segundos eu não sou eu, sou a mulher que viveu as coisas e que cai na realidade. Sou a mulher que sofreu e que na verdade não sabe como seguir daqui para frente, com o vazio deixado pela destruição.

Esta mulher, que será como tantas outras, é a cara da amargura. É uma mulher amargurada.

Hoje...só por hoje...eu vou deixar esta mulher chorar.

O jogo da Morte Lenta

Um dia o amor acaba, a pessoa decide que já não está bem ali e decide que é hora de partir. Quase sempre é o homem a tomar esta posição, porque certamente outra pessoa apareceu e sabe sempre bem estar com uma pessoa nova. Aquele frenesim do descobrimento. O sexo fantástico. As palavras doces. Os jantares, os querida e meu amor. Enfim....

Então, para que o relacionamento que tem seja terminado e para que não leve a culpa nas costas, há que começar o jogo. O jogo da morte lenta.

Começa por mudar os hábitos, forma de vestir, forma de falar. Praticamente terminam os contactos intimos e quando a mulher começa a chamar a atenção, porque sente que algo vai mal, vem então a resposta habitual. " Estás maluca! " " Não me dês cabo da cabeça" " Venho eu para casa para aturar as tuas neuras" " "Antigamente não eras assim." ...

Claro que já todas ouvimos isto, da parte de alguém que não nos ama e quer sair, mas deixar a culpar em cima dos nossos ombros. Pois assim pode sair e viver a nova relação com total descontração e ainda por cima viramos as bruxas, demoniacas, possessas e completamente loucas na boca da nova conquista (quiçá na dele tambem ) que acha que com ela, ele vai ser diferente. Não podia estar mais enganada...

Depois deste discurso, vem a ultima cartada do jogo, aquele em que ele diz que não pode viver mais assim, que o controlamos, que estamos a sufoca-lo e que é melhor cada um seguir a sua vida. E pronto. Parte-se para outra, com uma nova ideia que com esta é de vez. Até que outra apareça e de certa forma, chame atenção e o "leve" de volta ao jogo.

Para quem vive o outro lado da historia. Para quem é o outro jogador involuntario, fica uma morte lenta mesmo. Ficam as perguntas sem resposta ( sim, porque o fulano vai lá ter a decencia de dizer que é um mau caracter e que o verdadeiro motivo é que quer quecar com outra)  e fica o medo de voltar a se envolver. Destroi algo e de repente o amor começa a ter um sabor amargo e o melhor é ficar longe dele. Ou  vai ficando para segundo plano e um dia perde-se no ar como fumo que desaparece.

Alimentação Escolar

Desde inicio do ano escolar que me debato com o problema da alimentação na escola da minha filha.

Desde que ela nasceu, que eu sempre controlo a sua alimentação, sendo variada e com bastante peixe, nada ( absolutamente nada) de fritos. Levo-a uma vez por mes ao Macdonalds, não pelo dinheiro, mas para que ela perceba que aquele tipo de alimentação é prejudicial a medio e longo prazo. Minha filha, está habituada a comer legumes e muita fruta.

De repente, entra numa escola pública, onde supostamente deveriam ter cuidado com a alimentação e esta ser controlada por nutricionistas e quem sabe pela ASAE, e o que temos???

Feijoada, fritos e mais fritos. Peixe para eles é calamares ( fritos) e filetes de pescada ou Douradinhos ( fritos ). Supostamente deveriam fazer uma ementa com peixe duas vezes por semana e a coisa é mais ou menos assim, se numa semana temos filetes/douradinhos e Calamares, na semana seguintes, temos Calamares e Filetes / douradinhos.

Claro que eu fiz o que achei ser o mais correcto, falei com a empresa que fornece os serviços de Restauração da escola. Ficaram indignados com a minha observação e começaram por querer saber a escola ( o que não tive problemas em dizer) e o nome da minha filha/filho ( que me recusei a dar, por ser irrelevante para o caso ).

Como recusei a informar o nome, disseram-me que se eu tinha medo de dar o nome da minha filha, deveria ficar quieta no meu canto. Que a empresa estava no mercado há muitos anos e não só forneciam escolas como hospitais.

Percebi pelo teor da conversa que não iria conseguir ir a  lado nenhum. Desliguei com a sensação de impotencia e fui verificar o historial da empresa no Google e pelas queixas verificadas, minhas razões eram mais do que justas. Haviam queixas de muitos medicos e enfermeiros dos hospitais em que a empresa serve refeições e tambem de algumas escolas, mas o certo é que a empresa está de pedra e cal. A alimentação é concebida segundo o que é mais barato e não o que seria melhor. E eu e tantos pais, ficamos com a sensação  de que nossos filhos comem coisas que não deveriam, criando más disposições, diarreias e claramente engordando. Falei com alguns pais que estavam tambem revoltados com esta alimentação, mas ninguém quer fazer nada, ninguém quer se mexer para tentarmos mudar alguma coisa. Eu pago 1,35€ por cada refeição. Não é muito é certo, mas pelo menos daria para retirar tantos fritos e Feijoada ( que tem todas as semanas) da ementa. Numa sociedade em que se fala muito de obesos e má alimentação, porque se aceitam estas ementas e porque não há ninguém que as controle e pior, porque não existe alguém que possamos chamar á atenção, para controlar estas empresas?
Mesmo sozinha e mesmo que tenha pouco efeito, vou continuar minha luta, pelo bem estar da minha filha, mas também das outras crianças.

Estou feliz...

Não tenho data importante a lembrar, minha vida está na mesma, mas sinto-me feliz.

E como acho que também as coisas boas ( e principalmente essas ) devem ficar registadas, fica aqui a anotação. Hoje, eu estou feliz.