quarta-feira, 13 de março de 2019

Mato-te porque te amo...

Amo-te...pelo menos acho que sim. Já nem sei o que é este sentimento que me prende a ti e me faz ficar possesso de ciúmes e dor.

Olho para ti e não consigo sequer conciliar a minha vida sem ti...e as vezes, se não existisses era tudo mais simples.

Fico acordado à noite, a pensar...a deixar que esta dor de ti, da falta de ti, domine minha cabeça e coração. Deixo corroer como um ácido poderoso, até que no alto do meu amor, ou será ego?...Até que do alto de algo que não sei bem descrever, minha mente procura uma solução para responder à dor e com isso eliminar o peso que carrego.

O tempo passa e a resposta ganha a cada instante contornos mais físicos. Preciso que a resposta seja uma realidade. Não por ti, mas por mim. Porque no meio da minha falta de sensatez, algo que já perdi há muito tempo, eu não quero mais tua felicidade, nem sequer dos nossos filhos. Eu sou aquele que procurou uma resposta e já a encontrou...Não volto a sentir isto...

Então, por te amar, eu procuro formas cegas de te tirar do meu caminho, porque já nem raciocino e a tua vida para mim perdeu qualquer valor. Só conta meu amor, ou será meu ego?...

Então tento por um instante, um só segundo, dizer a mim mesmo que não está correto. Que direito tenho eu de tirar tua vida? De tirar qualquer vida na verdade? Mas logo passa e se não estiveres aqui é bem melhor...e meu amor fica sanado, ou será meu ego?

Então eu deixo acontecer, esquecendo os dias felizes que vivemos, o apoio que um dia me deste, o amor e carinho com que durante dias, meses e anos, me apoiaste e dedicaste. Esqueço que lutaste a meu lado e a vida que junto construímos. Esqueço que foste a mãe dos meus filhos, o lindo dia em que nasceram. Esqueço o amor que fizemos, a troca sentida de emoção, amor e carinho. Esqueço o respeito por seres mãe, mulher, filha, sobrinha, prima, tia...um ser humano. E num estante, tu já não existes mais...

Para justificar minhas atitudes e um coração completamente corroído pela mais pura maldade, eu arranjo desculpas. Eras infiel, pediste o divórcio, não me amas mais, viras má, um ser monstruoso que destruiu a minha vida e eu agora tive de devolver da mesma moeda.

Então é que percebo, muito tempo à frente, que eu destruí a minha vida, que eu na verdade não tinha amor, era posse. Porque se te amasse deixava-te ir, até porque muitas das vezes era eu que te causava dor e aflição e como conseguias viver com alguém assim, mesmo que  me amasses?

É nessa altura que percebo que na verdade tu não merecias morrer, porque não tinhas cometido nada que o justificasse. Mas já é tarde. E sabes? Na maioria dos dias, nem quero pensar que cometi um crime hediondo, porque o que ficou corroído, já não tem forma de voltar a ser. E este coração já nem sei o que sente... Será que ainda sente alguma coisa?...

Eu sei que não mereço perdão, porque pensei que te amava, mas na verdade era apenas meu ego e ele saiu vencedor porque no fim, até a mim ele matou.




in Memoriam a todas as Vitimas de Violência Doméstica    

Lembra-te de mim

Guarda-me nas tuas memórias. Acolhe-me nos teus braços serenos com carinho. Eu sou a estrela que contínua a brilhar alto no céu, e que de ma...