sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Senhora Dona...qualquer coisa

Se olhar...se esperar só um pouco, a coisa virá até mim. Devagar, porque a coisa não é algo que se queira ter apressadamente.
A suave brisa de Outono passa por mim e sinto-lhe o cheiro. Sinto-lhe o doce carinho que faz nos meu longos cabelos e a tranquilidade que vem até meu rosto. E eu continuo à espera...
É então que percebo que não me adianta esperar, sou humana e isso basta para que a coisa não queira aparecer. Somos muito complicados, pensa a coisa. Somos alguém que não vai saber dar-lhe o devido valor. 

Mas eu quero que ela venha, quero poder saborear, ainda que por segundos, o doce sabor que a coisa vai trazer na minha vida e no entanto questiono se o mereço. Mereço que a coisa venha até mim?
Mereço sim, digo para mim mesma; com a convicção que não há um ser humano que não mereça a presença da dita coisa, afinal até o pior do ser, pode ter um pouco de bondade no coração. Lá dizem os religiosos que Deus sabe o que vai por lá...
Então sim, eu mereço. Confiante,levanto minha cabeça e volto à espera. Um dia ela vem, grito eu ao mundo.

Continuo esperançosa, pois não sou de desistir fácil, mas a cada dia que passa,  lá deixo a senhora esperança desintegrar um pouco mais e sei que um dia, ela não vai estar mais aqui...não tem como.
Revolto então, contra a coisa e digo-lhe à descarada todas as barbaridades que me apetece dizer e que minha boca solta para o mundo, como se fossem agressivas picadas de abelhas.
E eis que um dia a coisa passa por mim, não para ficar, apenas de passagem e encarando-me de frente ri à gargalhada e diz-me sem pudor que embora ela surja da forma mais simples e singela que se possa pensar, não está ao alcance de todos perceber isso e que eu, perdida no meu mundo de medos e problemas sem fim, não a vou receber, e que isso a deixa triste. 

Eu analiso o que me diz e não deixo de lhe dar razão. Abraço-a e deixo-a ir, esperando que um dia a minha situação mude e a possa receber de braços abertos e de coração sereno. Afinal quem não quer receber para si, a coisa, a senhora Dona Felicidade, que junto com o amor, fazem um casal feliz e absoluto, mas que só poucos tem o prazer da sua presença e de com eles conviver.

E eu espero...

Lembra-te de mim

Guarda-me nas tuas memórias. Acolhe-me nos teus braços serenos com carinho. Eu sou a estrela que contínua a brilhar alto no céu, e que de ma...