quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O fim do sonho.


Encontrei-te por acaso. Sempre acreditei que na vida tem coisas que não se procuram, elas encontram-se. Vivemos um namoro intenso. Eu tinha 23 anos e uma cabecinha cheia de ilusão. Acreditava no príncipe encantado, no cavalo branco, na praia e no por do sol perfeito. Ridículo eu sei!
Mas tu tinhas já 36 anos. Uma história de vida difícil e marcante. Se não fosse o facto de ter ficado a conhecer-te, eu diria que eras um homem sem sorte, e talvez por isso eu sentisse a necessidade de amar-te mais ainda, por saber que eu poderia ser aquela que te iria amar como tu merecias. Quão errada que eu estava. Palavras e palavras, acções e mais acções levaram me a um ponto em que eu achava ter encontrado o companheiro da minha vida. Tua maturidade completava com minha maneira descontraída de ver o mundo, a vida. Foram cerca de 8 anos juntos, turbulentos e infelizmente 8 anos em que só um amou. Em que só um remou o barco, mas que terminou. Já não havia mais forças para remar. Se fracassei? Não, eu não. Não fui eu quem fracassou nesta relação. Não fui eu quem abandonou mais uma família. Não fui eu quem deixou sozinha uma esposa com uma bebé de 18 meses. Eu tive de me levantar e reaprender a viver. Não serei totalmente inocente, mas não guardarei nenhuma culpa neste caso.
Creio que para quem não nos ama, tem um dia que cansa, que se olha para quem se tem ao lado e nada lhe diz.
Nossa filha tinha 6 meses, quando o J escolheu trabalhar em Lisboa. Aos poucos foi levando coisas do nosso lar, para a sua casa temporária em Lisboa. Até que um dia levou minha vida com ele, tinha-me percebido finalmente de que ele não queria estar mais ao nosso lado. Jamais eu tinha vivido algo tão traumatizante. Algo tão devastador. Era insana aquela situação. Meu companheiro, meu marido, pai da minha pequena filha, preferia estar longe e não acompanhar aquela dádiva de ter uma menina e vê-la crescer e desenvolver. Era como que uma última oportunidade de ele ser pai como deveria. Não ser pai de fim-de-semana, como era até então com seus dois filhos de anteriores casamentos. Mas enfim…para o J era um modo de vida e nada que eu dissesse ou fizesse iria faze-lo mudar de ideias. Um dia acusou-me de ter problemas de auto estima, sem perceber que era ele quem a destrui-a. Por completo.
E lá fiquei sozinha, sentindo-me um lixo. Sem rumo algum. Sem saber o que raio tinha acontecido. Questionando-me como alguém tem coragem de ferir os sentimentos dos outros daquela forma. Como alguém pode enganar, mentir e iludir daquela forma em seu proveito, sem se preocupar um único segundo com a dor que causa e com o sofrimento?
Creio que isso jamais saberei e jamais irei entender...

4 comentários:

Anónimo disse...

as maos que anseio pegar, beijar, estão a cada dia mais longe das minhas...

A vida para além de ti disse...

as maos que amo tambem estão a cada dia mais longe e sei qeu nunca mais as vou tocar.

A vida para além de ti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
uma eterna apaixonada... disse...

Vi-a agora na televisão e também eu estou a passar por um processo de luto mas bem "mais simples" sem casamento, sem filhos mas com todas as promessas de amor eterno, com o pedirem-me para engravidar, a família inteira a perguntar e a "apressar" o casamento que ele estava sempre a falar e a desejar e, de repente, "ele" diz já não me amar, já não querer mais...também eu pensei em escrever um blog mas estou na fase em que ainda me deito e acordo a chorar... a sua história deu-me força para acreditar que nós valemos tão mais do que eles nos querem fazer crer!! Obrigada!
"E lá fiquei sozinha, sentindo-me um lixo. Sem rumo algum. Sem saber o que raio tinha acontecido. Questionando-me como alguém tem coragem de ferir os sentimentos dos outros daquela forma. Como alguém pode enganar, mentir e iludir daquela forma em seu proveito, sem se preocupar um único segundo com a dor que causa e com o sofrimento?
Creio que isso jamais saberei e jamais irei entender..." também eu nunca vou entender a decisão dele mas acredito que há males que vem por bem e se outrora nos anulamos por alguém está na hora de sermos felizes por nós próprias e se "alguém" quiser estar connosco que seja pelo que nós somos e não pelo que gostariam que fossemos...
Fico feliz de a ver Feliz!

Lembra-te de mim

Guarda-me nas tuas memórias. Acolhe-me nos teus braços serenos com carinho. Eu sou a estrela que contínua a brilhar alto no céu, e que de ma...