Entrei no processo de envelhecimento. Já aqui expressei que odeio esta parte da vida. Envelhecer retira de nós muitas coisas, para além da juventude. Está a ser um processo difícil. Tem dias que não consigo sequer funcionar e obrigo-me a isso, mas com inúmeras dificuldades. Começou pela memória que no inicio era algo esporádico, para agora estar com graves dificuldades em "armazenar" minhas ideias, experiências, pequenas coisas do dia a dia. Simplesmente perdem-se. E como se a falta de memória não fosse já de si um problema grave, caiu esta depressão horrorosa, que me retirou a alegria que tinha e deixa-me prostrada, com medo e sem reacção perante a vida. E com a minha mente num estado de guerra permanente, tudo à minha volta começa a sentir os efeitos.
Minha casa apesar de um tanto controlada, está longe de ser o que era. Sempre senti orgulho em manter a organização e o rigor. Entrar em casa e sentir a mesma limpa, a cheirar a limpo. Agora??? Pois...nem comento...
A roupa é lavada nas últimas e armazena-se nos cestos. E como eu comprei um cesto para cada tipo de roupa, claro que quantos mais tenho, mais encho de roupa e os espalho pela casa. Por seu lado tenho as gavetas vazias, a roupa a ser usada sem sequer passar e tudo isto porque minha mente, por vezes, não me deixa sequer mexer.
Estas coisas banais, corriqueiras do dia a dia, pode até parecer ridículo, serem negligenciadas nesta fase e pode até soar como preguiça, mas vai muito para além disso. Não é preguiça. É uma mente que me empurra da cama para o sofá e só de lá levanta, quando tem mesmo de ser... e por Deus, lutar contra tudo isto é uma luta tão desumana.
Tem a ansiedade, que me dá verdadeiros ataques de pânico, o stress diário. As insónias constantes. O exagerado aumento de peso.
Tem as cismas nas coisas mais parvas. Uma carga mental absurda que me leva ao desespero. Tenho tantas vezes vontade de gritar.
Tudo isto é um processo desta maldita Pré-menopausa que inevitavelmente tinha de aparecer, porque a idade avançou e trata-se de algo normal na vida de cada mulher. Mas é uma verdadeira merda.
É tão claro o quanto, há medida que fui crescendo, eu sabia que iria odiar esta fase. Simplesmente não sei envelhecer, mas tenho de aceitar é claro e lutar contra tudo isto, seja por meio de medicação ou por meio de medicinas alternativas, sei lá eu, mas tenho de tentar. Para além de tudo o que estamos a viver com este vírus horroroso do Covid-19, este 2020 tem sido ainda mais complicado, quando a juntar a todas estas medidas, quarentena e tudo mais, juntamos uma pré-menopausa, com depressão associada. É de enlouquecer.
Não tenho conselhos a dar para quem vai passar por esta fase, ou como eu, estão na merda, no fim do poço agora. É literalmente e no sentido da palavra, viver um dia de cada vez. Tentar que o próximo seja um pouco melhor que o anterior, mas que no meu caso, não tem sido.
Meu maior medo traduz-se agora no medo que eu nunca mais volte a ser a mulher que era e isso é o mais assustador de tudo isto, porque algo me diz que não serei e eu já odeio esta que por aqui anda. E para quem diz ou acha que envelhecer é um privilégio...Bahh a sério?|
2 comentários:
Olá, tenho acompanhado o que escreves nestes últimos tempos e apesar de estar com 43 anos, começo a perceber aquilo que mencionas, pelo menos a parte da falta de memória. Já obriga a fazer listas e apontar as coisas :-):-)
Não deve ser fácil o que estas a passar, porque dá para sentir teu desespero nas tuas palavras, e assusta perceber que posso vir a passar por algo idêntico. Deixo-te aqui minha energia positiva. Vai aguentando dia a dia. Muitos beijinhos e força.
Envelhecer é um privilégio, porque estamos ainda vivos, de resto é como dizes, uma porcaria. Só alguns envelhecem com elegância, os restantes não. Depois são as dores no corpo, as mazelas de uma vida. A visão, o peso excessivo ou o emagrecimento até aos ossos. Tudo no conjunto geral é mesmo uma merda envelhecer e ninguém gosta. Quem quer olhar no espelho e ver sua pele flácida com rugas? Eu não. Por isso, faço minhas as tuas palavras, fuck you envelhecimento. Um abraço.
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