Longe das aventuras de Narnia, C.S.Lewis, escreve : "A anatomia de uma dor - A Grief Observed " no original, após a morte da sua esposa Joy. Mergulhado durante uma longa vida no seu trabalho como professor Universitário, na sua escrita, Lewis olhava a solidão como amiga e não se importava de permanecer nela, em seu próprio mundo, porque até ali não tinha vivenciado o verdadeiro amor.
Mas Lewis acaba por o conhecer, quando inicia uma troca de cartas com uma poetisa de seu nome Joy, e um amor surge entre ambos, quando ambos menos esperavam e Lewis conhece o sentimento mais grandioso de todos e aquele que na verdade é o mais importante.
Infelizmente a vida não presenteou Lewis com um amor longo e duradouro. Joy faleceu poucos anos depois e toda aquela dor fez Lewis escrever um dos livros mais honestos e sentidos que podemos ler na nossa vida. Quando terminei de ler, senti o verdadeiro poder das suas palavras. Como se eu estivesse ao lado dele, quando as escrevia, vivendo aquela dor. Reconhecendo nela a minha própria dor.
Sem querer ser a coitadinha, a quem a vida maltratou, porque eu sei que tem outras pessoas em que a vida foi muito mais madrasta e cruel, reconheço a anatomia da minha dor e o que me trouxe aqui. Falar sobre ela é aceitar, é entender que tudo é como é. Que podia ter sido diferente, mas não foi nem vai ser. É entender que nunca pedi à vida, nada que ela não pudesse retribuir, mas simplesmente não tinha de ser assim. Estou certa que muitos nós que aqui andamos, nunca iremos lá chegar, nem tampouco ter o que desejamos, por mais que tentemos e por mais que se lute. É verdade que devemos ser persistentes, não desistir. É verdade que devemos ambicionar algo sempre mais, tentar realizar nossos sonhos e objectivos, mas entendo que, temos de ter sempre os pés na terra, voar sim, mas com a consciência até onde podemos voar. Porque pura e simplesmente pode não fazer parte da nossa história voar para além de...
É duro? É.
É injusto? É.
A verdade é que um dia o véu cai, deixamos de olhar as coisas com a ilusão da esperança e aprendemos a ver as coisas como são na realidade. Viver a partir daí torna-se a nossa verdadeira batalha, porque andamos nus nesta vida. E não vai haver quem venha sobre as nuvens para nos salvar. Estamos na verdade sempre sozinhos...
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