Em 2009, depois que tudo entre nós terminou mesmo, eu segui um caminho novo, incerto, mas segui confiante de que iria chegar a um porto seguro. Cheguei lá e fui feliz, vivia para além de ti da forma mais honesta, pacifica e segura possível. Eu dizia frequentemente que me sentia levitar, mas...
Havia sempre aquela parte do puzzle em falta, havia sempre algo que deixava um pequeno vazio no peito, no coração. Essa parte esteve sempre do teu lado. Tu retinhas essa parte e minha felicidade não era 100% completa. Mas havia uma esperança...um, quem sabe um dia...
Com tua morte, a esperança foi-se e abriu-se um novo caminho, um caminho diferente e algo penoso.
Eu queria voltar ao anterior, mas já não posso. Sinto que este caminho trás incertezas, medos, abandono, reclusão. Este caminho trás solidão.
Eu tentei confesso. Tentei não por mim, porque não me fazia sentido. Mas as pessoas á minha volta pressionavam. Fosse por ser jovem ainda, fosse porque a sociedade não quer ver ninguém sozinho. Fosse porque motivo fosse, eu tentei. E o que constatei foi que não poderia nunca resultar. Eu nunca te esqueci de verdade. Eu jamais deixei de te amar e minha vida foi correndo. Mesmo sem estares ao meu lado, eu dormia e acordava feliz. Porque tinha nossa filha, porque tinha minha vida estruturada e porque eu sabia que estavas ai. Não comigo, mas ai... eu não sentia falta de amor, porque em meu coração ele abunda, seja por ti, pela nossa filha, pelos amigos e amigos, pela família.
Agora que tudo ficou definitivo, as pessoas voltam a insistir. Os homens á minha volta, começam novamente a achar que podem tentar de novo, mas eu não quero. E não quero por muitas razões, mas a principal é que não há ninguém para te substituir e se meu coração está cheio de amor ainda por ti, não há lugar para mais ninguém. Não agora. Não neste momento...daí minha solidão. Mas não é uma solidão sofrida. Não é a solidão da coitadinha. É uma solidão necessária. Tenho de fazer novamente meu luto...
Então inicio mais este caminho, vou novamente com determinação de que vou chegar a porto seguro. Confiante de que vai correr tudo bem. Aquela parte que me faltava, continuará a faltar, porque a levaste no caixão contigo, mas algo me diz que desta vez vai ser diferente...bem diferente.
E porque sempre fui e sou uma guerreira, sigo em frente pelo novo caminho, mesmo que nesta fase ainda só veja neblina...
E porque sempre fui e sou uma guerreira, sigo em frente pelo novo caminho, mesmo que nesta fase ainda só veja neblina...