Surge alta e majestosa. Entra sem cerimonia ou pedir licença, porque sabe que é a rainha. Sabe que é ela quem manda, que se impõem. Quem ousa fazer-lhe frente?
Não selecciona quem vai martirizar, porque não é a pessoa que interessa, é o martirizar em si que lhe dá prazer e soberania. Olha com desdém a todos e quando percebe que alguém está a tentar sair do seu jugo e domínio, ela vai e impõem-se um pouco mais, com crueldade e sem piedade.
Alguns tentam por anos, lutar contra ela. Fazem frente ao seu desdém, mas ela sempre fica nas pessoas que alberga para si. Seja de forma mais dura e cruel, seja de uma forma menos severa. Uns baixam os braços e deixam-se ir e ali ela não só é cruel como suga para si aquele espírito e energia, como se fossem prémios da sua devastação. Recolhe-os no seu seio com uma garra e apetite feroz.
Já a mandei à merda hoje, várias vezes até, mas olha para mim com o mesmo nojo, como eu me sinto. Anda aqui ás voltas, feliz e contente a cantar, abanando o seu vestido, como se fosse uma criança feliz a saltitar à minha volta. Pára por vezes para deliciar-se com minha tristeza e minha total incapacidade nesta fase, de a enfrentar. Eu choro e aninho-me no chão frio, onde acima de mim, paira aquela nuvem cinzenta, e ela continua a sua dança, à minha volta, encantada.
-Criei um fosso para ti. - dizes sem qualquer piedade. - E vais para lá não tarda nada. - avisa.
Eu olho para ela, sem reação e questiono se algum dia vou ser capaz de a enfrentar e dizer : Já não tens poder sobre mim.
Mas hoje...hoje não é esse dia. Quem sabe amanhã...
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