Já não me reconheço. Quem vejo no espelho não é a mesma mulher que ainda há uns meses atrás, vivia tranquila na sua vida pacata, serena, mas com a esperança estampada no rosto. Tinha planos, objetivos.
Quem eu vejo agora é um espectro dessa pessoa. Uma mancha acinzentada da mulher que eu fui outrora.
Estou derrotada, aceito isso. Esta doença mental que por vezes aparecia, mas que não passava de uma visita esporádica e de pouco tempo, desta vez está presente e convicta de que me derrubou. Tenho em mim uma tristeza constante. Choro sem razão aparente. Não vejo nada de bom na vida que levo, não encontro motivação, alegria...
Para fingir que está tudo bem, junto de quem me rodeia, lá visto a fantasia da mulher que todos estão habituados a ver, mas se soubessem...
De manhã, não é só a roupa que coloco no meu corpo, coloco também um sorriso forçado no rosto, um ar de quem está no controle, mas na verdade está muito longe disso. Saio para a rua porque o dever chama e há contas para pagar...ainda por aqui ando, e só Deus sabe até quando...
Aceitar, tornou-se uma batalha para mim. Todos os segundos do dia (sim porque a vida agora, nesta condição é vivia ao segundo, cada segundo é a personificação de dor e tristeza) todos estes segundos que eu vivo, eu grito com a minha mente, aceita, por favor aceita. Para que pare a dor, este cansaço do medo, do desespero. Mas não pára, apenas fica estagnada, pelos segundos, que viram minutos e horas, onde minha mente se ocupa com algo e me faz esquecer.
Um propósito, um objetivo, um caminho a seguir. E tudo poderia ser tão diferente. Um olhar, um carinho, umas mãos no meu rosto, uma boca que num sorriso terno e amoroso me diz : Vai correr tudo bem.
E as lágrimas caem de dor e tristeza, pelo que perdi, pelo que vivi, pelo que nunca tive. E lá vou perdendo a batalha do aceitar. Mas quem no seu juízo quer aceitar isto?...
É então que percebo que minha inimiga é mais poderosa do que eu e as armas que eu pensava ter para lutar, não são suficientes e ela está a um passo de vencer. Tem coisas que não consigo aceitar e o processo torna-se mais pesado, fazendo-me arrastar um peso enorme, como correntes aferrolhadas a mim. Isto não é viver...
Sinto-me no meio de uma tempestade de areia, daquelas que não se vê um palmo há nossa frente e já só peço que eu consiga sair daqui... por Deus, alguém me tire daqui...
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