terça-feira, 6 de novembro de 2018

Linha do Tempo

O tempo foge. Corre veloz porque quem espera por ele e se desespera. O tempo foi, já era. O tempo olha para nós com desdém, porque sabe o seu poder. Sabe o quanto é precioso e sorrateiramente finge estar sereno, um tanto ou quanto prazeroso, quando na verdade, corre, corre...

O tempo, que nos permitia olhar para trás, e lembrar o tempo passado, a certa altura, corre a tal velocidade, que só nos resta focar no presente e acompanhar a corrida do tempo, porque o tempo não espera. Por ninguém.

 O tempo, que juntamente com a Senhora Dona Solidão, acompanha-nos desde o momento em que respiramos fora do  ventre da nossa mãe e que em todas as alturas da nossa vida, permanece connosco rindo das nossas aventuras. Gozando com nossas fragilidades e tristezas. Olhando-nos de frente e querendo dizer com desdém : " Um dia vais arrepender de não teres feito isto ou aquilo e esse dia é já manhã."

E vamos nós, caminhando pela vida, como se o tempo fosse nosso amigo e a Senhora Dona Solidão, fosse nossa madrasta, que não gostamos nem queremos ter por perto. Mas o tempo não é nosso amigo e a Solidão tampouco é nossa inimiga. Por vezes é nossa única companhia.

Nesta linha do tempo, no caminho que percorremos, entram e saem pessoas. Algumas deixam marcas profundas, outras nem por isso... Mas o tempo, inimigo de quem faz o caminho da vida, quase que nos obriga a olhar para ele, correndo ao seu ritmo e fazendo-nos sentir falta de quem passou e deixou marcas profundas.

A certa altura, na linha do tempo, outros inimigos vão entrando, que nos dificultam o caminho. São dissimulados e frios. São de uma crueldade que nos deixam a certa altura nus. Despidos de dignidade, de vivências, de beleza, de memória. Deixam-nos ali, no caminho da vida, com turbulência e dor...muita dor.

O tempo rouba e mata. O tempo é nosso inimigo, mas quem na sua vida, pode dizer que nunca se apaixonou pelo tempo, em que este era jovem e robusto, cheio de energia e força. Em que o tempo se apresentava sem barreiras ou obstáculos e o caminho era como se fosse uma manhã de primavera, cheio de flores a emanar o mais delicado dos cheiros e que ao respirar fundo, fazíamos o caminho com tranquilidade e serenidade, sabendo que tudo ia ficar e correr bem.

Pena que o tempo, inimigo astuto e tão real, um dia...sem mais nem menos, termina. 

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