Voávamos sem rumo. Pousávamos a beira-mar, nas flores mais belas de um jardim lindo em Paris, bebíamos agua numa das lindas fontes em Itália víamos o pôr do sol mais lindo das nossas vidas. Eu e tu. Tu e eu...
Um dia, acordei com o raiar da manhã. As gotas do orvalho nocturno pingaram no meu rosto e eu estendi minha mão á tua procura, mas tu não estavas lá... levantei no ar com todas as forças das minha asas e chamei pelo teu doce nome, mas tu não estavas lá...
Procurei-te por todo o lado. Montanhas, planícies, com frio, com extremo calor, mas não te vi...nunca mais te vi...Sentei-me numa flor qualquer e ali deixei-me ficar. Desisti...perdi a noção do tempo. Se estava frio eu não sentia. Se fazia calor eu não sentia. Se chovia eu não sentia. Eu não sentia a fome, nem a vontade de fazer absolutamente nada.
E um dia, como por um milagre passas na minha frente, anos depois do teu desaparecimento inesperado, inexplicado. Voavas livremente com outra borboleta e olhaste para mim com desdém. Eu que era a mais bela borboleta estava agora sem cor, sem brilho. Literalmente apagada.
Não ouvi uma explicação, um som que saísse de tua boca para explicar o que na verdade não tinha explicação para ti. Cobardemente não te achavas culpado de nada.
Estas aqui? - perguntaste quase como admirado. Olhei-te sem responder. Já não tinha forças nem para te responder e nem queria. Que ia eu dizer? Que podia eu dizer a alguém que foi embora sem motivo, justificação e agora chega ate mim, como se nada fosse? O que iria eu dizer á borboleta que mais amei um dia e procurei por dias, semanas, anos? O que iria eu dizer a ti, que partiste meu coração e me fizeste provar o amargo e sofrido sabor da desilusão, do desamor, da mais pura tristeza?
Olhei simplesmente para ti a percebi que tu és como és e que nada podia eu fazer. Que não adiantava eu falar, questionar, argumentar. Levantei-me e saí a voar, para longe. Saí dali e fui recuperar minha vida perdida...lutei, chorei, senti raiva, ódio, mas consegui seguir em frente e vencer.
Por vezes sentia saudades tuas. Sentia que parte de mim ainda esperava um pedido de desculpa. Um simples perdão...mas isso nunca iria acontecer.
Eu e tu na verdade era um simples eu e comigo segui vivendo, pousando nas flores, nas tardes quentes de verão, vivendo cada dia e agradecendo a dádiva de viver.
Anos mais tarde, voltei a cruzar contigo, estavas sozinho, sentado numa flor, quase igual ao que eu era anos atrás. Viste-me e deste um sorriso, vieste na minha direção e eu fiquei suspensa no ar. Disseste apenas um : Estou aqui, posso voar contigo?
Naqueles segundos, toda a minha vida desde que te conheci passou em flash e ainda considerei sorrir-te de volta e aceitar teu convite, mas em vez disso, beijei tua testa, sorri e fui embora.
Naquele dia, eu completei finalmente meu coração partido, com a última peça que faltava e a partir daquele dia fiquei tal como estava antes de te conhecer. Pronta para a vida. Para voltar a amar e viver minha vida. Sem ti, mas feliz. Eu e tu já não existia mais e o mundo voltava a fazer sentido.
3 comentários:
Lindo. Parabens!
Gostei de passar por aqui!
e um lindo texto. imagino a dor que alimenta esse coração.mas esta na hora de a mandar embora
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