Quase cai da cadeira, quando aquele miserável me pediu em casamento. Afinal o meu plano estava a correr na perfeição. O facto da esposa deste individuo ter morrido há apenas seis meses, facilitou o meu processo.
Fui para casa contente, liguei aos meus três filhos assoberbada. Fazemos tudo em comum e quando lhes contei que aquele palerma, sedento de companhia, estava disposto a casar sem fazer qualquer tipo de salvaguarda de património e restantes bens, foi ouro sobre azul. Meu filho fez umas quantas pesquisas, e no fim passou-me a informação de que seria um bom investimento meu, seguir com o casamento e ao fim de três semanas, desde o pedido, acabei com o sofrimento daquele infeliz, aceitando a proposta.
Casamos quase um ano após a morte da falecida. As filhas do meu agora "marido", iriam dar-me luta, pois não gostaram de mim desde inicio, mas eu já tinha o que queria e elas eram merda nesta equação. A primeira coisa que tive de fazer foi afasta-las da vida do pai, o que nem foi grande sacrifício. O casamento em si, já dera a primeira facada na relação deles, mas como o amor e sangue que os une era mais forte do que pensava, remove-las seria mais sensato para mim. Consegui essa proeza com um simples golpe.
Dividir para reinar e reinar eu iria. Deixaram de falar com o pai. Com isso, e com a demência que se abateu ao velho, consegui sacar o dinheiro todo da conta, uma vez que, por minha sugestão, abrimos uma conta solidaria. Nem precisei da assinatura do mono para lhe sacar todas as economias de uma vida inteira de trabalho, fora o dinheiro que recebera do seguro de vida da falecida, que tecnicamente seria também das filhas, mas que, com o afastamento delas, nunca se veio a realizar a partilha, e como o velho estava já demente, não havia mais obstáculo algum. Era só dinheiro a cair na minha conta!
No inicio deste ano este merdas morreu, abençoado sal que lhe fui dando em poucas doses, mas que com o tempo o "arrumou" de vez. Já sabia que teria de voltar a lidar com as filhas dele, por questões da herança, mas como estes três tristes seres, perderam a mãe, depois o pai, a casa de família era o único bem que lhes restava e iriam pagar-me o que eu pedisse para sair e assim foi. A chantagem e pressão exercidas nestas três idiotas durante alguns meses, foi o suficiente para cederem e pagaram tudo o quanto lhes pedi.
Pelo caminho deixei-lhes uma casa destruída, suja, cheia de lixo para limpar e muitas obras para recuperar a gloria que a casa tinha quando a mãe delas morreu. Bem feita! Quem manda terem sido uma família unida e feliz! A felicidade tem um preço demasiado alto, não sabem disso? Agora tem de pagar! E no meu caso, pagaram!
Agora vou tranquila (porque só pesa na consciência, quando se a tem) para a minha vida. Aguentei todos aqueles anos a viver com aquele mono, nojento, céus, o quanto lhe tinha asco, só a pensar no dia em que iria receber o meu dinheiro, afinal este casamento não tinha passado de um negócio para mim. Vi a oportunidade e agarrei-a com unhas e dentes!
Investi meu tempo, para agora colher os frutos. Vou de férias, gozar a vida! Tenho dinheiro suficiente para mim, e para meus três filhos, para além de que estou a receber pensão de viuvez de Portugal e da Suíça, graças ao meu "marido". Tudo junto, tenho agora um rendimento mensal de invejar a muitos ricos e sem fazer absolutamente nada.
Pena que, agora estou com 73 anos e já me começam a limitar alguns movimentos, mas se um outro idiota aparecer, se calhar ainda irei a tempo de aplicar o golpe uma vez mais, afinal o dinheiro nunca é demais! E eu sou somente uma velhinha indefesa!